Medo do parto
Durante as 40 semanas e 4 dias que estive grávida do meu primeiro filho, tive medo de muita coisa: de não ser respeitada, de não encontrar uma equipa/instituição alinhada com as minhas vontades, de ser violentada, de não ter o meu marido comigo no parto ou no internamento, de ter de fazer uma cesariana, de apanhar covid,… neste dia em particular, há 9 meses atrás, tinha também muito medo que me induzissem o parto.
Mas nunca, em nenhum momento, senti medo de parir.
Talvez não seja um sentimento normal, mas a verdade é que o meu medo foi sempre que não me deixassem parir e nunca que o meu corpo não fosse capaz de o fazer. E desde então penso se muitas das mulheres que sofrem deste medo (ou mesmo de fobia em casos + extremos – a tocofobia) o sentiriam se a nossa cultura fosse mais promotora da fisiologia e não da intervenção; se a generalidade das histórias que conhecessemos fossem naturais e não intervencionadas; se o mundo falasse mais de como a mulher foi capaz e não de como o profissional a salvou a si ou ao seu bebé; se quando o parto não progride se dissesse que se interveio cedo de mais, que não se deu o tempo devido, que não se esgotaram todas as possibilidades em vez de o associar à incapacidade materna (tem a bacia estreita; não dilatou; exaustão materna; não fez força no sitio certo,…)?
Se soubessemos, de forma mais normalizada, que parir é tão natural como comer, dormir ou ir ao wc, haveria tanto medo?!
Pensem sobre isso 💛
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